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A água é uma máquina do tempo por Aline Motta, Círculo de Poemas
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sobre o livro

Entre palavra e imagem, entre arquivo e fabulação, A água é uma máquina do tempo, de Aline Motta, reúne diversas linguagens artísticas e reconfigura memórias ao se valer de uma percepção não-linear do tempo.

Construindo um mosaico fluido de épocas a partir de documentos históricos, a artista-escritora cruza diversos planos entre si, num percurso que passa pelo luto por sua mãe e vai até o Rio de Janeiro de fins do século XIX, através dos fragmentos que reconstroem as vidas de Ambrosina e Michaela, antepassadas da autora. Ao aliar criação e pesquisa, Aline Motta expõe as várias formas de rasura que a herança colonial impõe à nossa história.

Na orelha do livro, Ricardo Aleixo escreve: “No afã de dar corpo a esse ‘tentar narrar’ o talvez inenarrável – as lacunas, fendas, dobras, os invisíveis liames, os desvãos da história –, Aline nos oferta uma obra que, em suas palavras, resulta de um processo de criação tão obsessivo e extenuante que bem pode ser definido como uma espécie de possessão”.

Comovente e contundente, A água é uma máquina do tempo funde o poético e o documental e faz da imaginação um ato político de transformação.

www.circulodepoemas.com.br
Título
A água é uma máquina do tempo
Coedição
Luna Parque
Capa
Alles Blau
páginas
144
Texto de orelha
Ricardo Aleixo
ISBN
9786584574045
ISBN Digital
9786584574274
Data da publicação
01/06/2022

Trecho

Deixou um rastro de leite e sangue. Teve sete filhos, entre eles,
minha bisavó. Morreu de tuberculose, mas a história que contam
é que morreu de susto por causa de bombas na baía de Guanabara
durante a Revolta da Armada. Militares contra militares,
a República era só mais um golpe. Os vidros trincavam,
as xícaras tremiam, a estrutura da casa ficou abalada.
(…)
Discutir racismo na minha família era como entrar naquela parte do
mar em que não dá mais pé. Se fosse chamado pelo nome,
o equilíbrio familiar se quebraria, e a corrente nos levaria à deriva.
Na beira, não precisávamos passar a arrebentação. Fazíamos piada
daquilo tudo. Até que nada mais tinha graça. Acho que não foi bem
assim, você está imaginando coisas. Por que cismou com isso agora?
(…)
Se eu soubesse teria soprado um par de pulmões
no lugar do seu útero
E esse par extra você o teria doado em vida
para Ambrosina
que poderia assim respirar o vento da eternidade
que não termina no dia seguinte
Inverter a lógica dos embriões
A filha que vira uma ancestral da mãe
memória e veículo
A água é uma máquina do tempo

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