Texto de KL Jay sobre o livro “Balanço afiado”
O DJ e integrante do grupo de rap Racionais MC’s escreveu um texto especialmente para a orelha do livro de Allan da Rosa e Deivison Faustino
“Pra começar o cara tá vivo, e não é à toa — pra estar vivo nos dias atuais, com oitenta e poucos, sendo artista, é preciso uma habilidade (Tony Tornado que nos diga) ancestral e espiritual.
Carioca que nasceu quase na divisa com São Paulo, Ben teve uma vida simples, tornou-se estudioso de religiões e ocultismos, temas com que se identificou por influência do avô, que era da ordem espiritual Rosacruz.
Jorge Ben criou seu próprio ritmo, o próprio som. Instigado por Bob Dylan, misturou sons da Afrika com os do Brasil, contando histórias reais de pessoas comuns, que passam batido no dia a dia, mas que estão presentes ali, na nossa cara, na rua, nos trens, nos estádios de futebol, nos quilombos urbanos, na nossa casa etc…
Com mais de trinta discos lançados, a música de Ben fez sucesso nos anos 1970 e reinou com o samba-rock na década de 1980, tocado nos bailes black (todos conheciam o ritmo de Jorge Ben).
Penso o quanto é sensacional um artista fazer uma música que se mantém viva por tantos anos (esse pessoal dos anos 1970 e 1980 realmente pegou a energia que estava no ar). Creio que hoje, com toda a demanda das redes sociais, plataformas de streaming, festas, DJs, a música de Ben está até mais conhecida do que antes, o que chamo de ‘o poder da atemporalidade’.
Bom, pra quem escreveu que “os alquimistas estão chegando”, eu escrevo: ‘O alquimista Jorge sempre esteve aqui, no meio de nós’.
Boa leitura!”
Antes das Diretas Já
A minha geração, de meados dos anos 1950, teve uma adolescência e primeira juventude à sombra da anterior, marcada por todos os excessos, do heroísmo inglório da luta armada ao anticonsumismo hippie do desbunde comportamental. Tudo parecia remeter a um romantismo gauche que recobria de certo glamour os nascidos nos anos 1940. No Golpe de …
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[saiba mais]A voz da tia Nazira
Outro dia, viajando pelo interior de São Paulo para entrevistar descendentes de árabes, me deparei com uma história bonita. Marcia e Elias Gibran, que me receberam em Araraquara, contaram sobre as fitas cassete que sua tia Nazira enviava da Síria aos familiares no Brasil para que eles pudessem ouvir sua voz. É uma narrativa delicada, …
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