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25/08/2022

A balada de Isabelle Eberhardt

Patti Smith
Trad. Mariana Correia Santos


Preciso de um harém de homens
tantos ritmos
no meu giro insaciável
o vento a areia
os mundos que abraço
o lugar mais tórrido
o hospital triste
de meu espírito
ondeia enquanto desenrolo
o terreno de uma nova pele
condeno qualquer padrão
entremeio enleio
outros cigarros sedativos
as trepadeiras torcendo sob os cintos
do nervo feminino.


Preciso de um harém de sabedoria
a sagacidade do tempo
o sangue náufrago do escaravelho
a ferida crescente
Em outra vida
pedi um harém
de deuses e fui atingida
no pescoço
o grande peso
a queda dos ídolos
cabeças balançantes de deuses
rendidos no sabre
de corações abandonados
mãos desmanteladas.


Minha garganta, um veículo
mudei-me da caravana
para me espalhar aos seus pés
havia jurado
conhecê-Lo
na barriga de uma rocha
a última coisa que verei
será o seu olhar dentro de mim
uma dimensão líquida
obscurecendo o fedor
que possa expelir
desta existência
sabendo que existi
segurando firme a placa de ouro
o roteiro corânico das estrelas.
Preciso de uma jangada
para me transportar
pelo Rio Amarelo
um harém de sinos em oração
cantando Isabelle
a balada de uma menina
o violino bêbado
que se afogou no deserto
envolto em seu nome
vestido com lençóis
feitos por sua mão justa
ondas de musselina
uma última palavra
Islã eu sou
me devore
Senhor.


The Ballad of Isabelle Eberhardt

I need a harem of men
so many rhythms within
my insatiable spin
the wind the sand
the worlds I embrace
the hottest place
the sad hospital
of my soul
billows as I roll
the terrain of new skin
I condemn any pattern
I bind I blend
other sedatives cigarettes
vines twisting under belts
of the female nerv
I need a harem of wisdom
time tirckling wit
sinking blood of scareb
the crescent wound
A life ago
I petitioned a harem
of gods and was struck
in the neck
the great weight
the flake of idols
bobbing heads of gods
rendered in the saber
of relinquished hearts
disbanded hands.


My throat a vehicle
I have moved from the caravan
to spread myself at your feet
I have vowed
to meet thee
in the belly of a rock
the last thing I’ll see
is your stare within me
a liquid stretch
obscuring stench
that I may pass
from this existence
knowing I existed
holding fast the gold plate
the koranic script of stars.


I need a raft
to carry me over
the yellow river
a harem of prayers bells
chiming Isabelle
the ballad of a girl
the drunken violin
who drowned in the desert
wrapped in her name
dressed in sheets
of her own fair hand
waves of muslin
one last word
Islam I am
devour me
Lord.

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